11/6/17

LUZ (falar de Lhuç i de amor), mirandés


Este poema fui publicado ne l jornal Muzeu Illustrado an 1880. Yá an 1869 habie publicado an A Folha n.º 10, p. 76, um poema cul mesmo títalo i yá eiqui publicado neste blogue. L purmeiro destes dous sonetos corresponde a esse soneto mais antigo, mas cun mui antressantes bariantes, que merécen ser studadas. Eiqui quédan mais estes dous sonetos, ne l die an que se comemóran ls cien anhos de la sue muorte, puis ye un die an que cumben falar de Lhuç i de amor.


I
Que apparição, meu Deus! Resplandecente
D’ethérea formosura e embebecida
Aos Aos pés da santa Virgem dolorida,
Chorava no seu extase a innocente!

E eu, macerado monge penitente,
Que ao vêr tanta belleza alli rendida,
M’esqueci da oração!… Na flor da vida,
Oh! como a carne é fraca, mãe clemente!

Perdão, por vosso filho n’uma cruz,
Se de vós apartei, Virgem das dores!
Meus olhos tristes e na bella os puz.

Mas ella prometteu-me altos favores
No philtro d’um olhar!… Perdão; mas Luz
Acabava d’abrir-me um ceu de amores!

II
Todos, vendo-a passar, a indigitavam
Como ingenua e mimosa poetiza;
E das lettras gentil sacerdotiza
O gesto e a pallidez a denunciavam.

Uma noute (meu Deus, como voavam
No seu jardim as horas!), nva Heloisa,
Ella a abraçar-me diz: «Se martyrisa
Este amor?!… Ah!…» E os prantos a afogavam;

Mas oh! que infausta a minha estrella! UM dia
Fui achal-a no Carmo: estava então
Radiante de luxo e de alegria.

Comprehendi logo tudo. Oh! maldição!
N’esse instante a vestal da PoesiaLuz
Desposava o farçola d’um barão!

Miranda do Douro, 1880
Manuel Sardenha                                                   Fonte: abadesardina.wordpress.com

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